Edição #7 | Centrífuga
Resenhas de livros e obras escritas por integrantes do Coletivo Margem
Este é o novo artigo da nova editoria do Coletivo Margem dedicada a promover a leitura das produções literárias de integrantes da comunidade, indo ao encontro de outros centros de experiências e sensibilidades. Aproveite!
Por Ana Luiza Mendes
Então, é Natal…
Quando adentramos no mês de novembro já começamos a ouvir as músicas natalinas, a pensar no cardápio da ceia, nos presentes a serem comprados, nas presenças a serem requeridas. Também começamos a nos preparar para certas tradições que sempre se repetem, como aquele tio responsável pela piada anual do “pavê ou pra comer” ou, ainda, as perguntas sobre o desenvolvimento das relações amorosas durante o ano. Esse último tópico, muitas vezes extremamente sensível, é o elemento central da narrativa de “E as namoradinhas, Guilherme?”, escrito por Anna Carolina Ribeiro.
A ambientação da história ocorre nos festejos natalinos da família Nogueira na casa da avó Rosa. As ceias da família são sempre agitadas e Guilherme, um dos netos, sempre fica um pouco desconfortável, preferindo, às vezes, a companhia mansa da cachorra Belinha, evitando, assim, a certeira pergunta sobre sua vida amorosa.
Guilherme é um adolescente. Ao sabermos disso, também é de nosso conhecimento que todo tópico relacionado à vida, especialmente amorosa, é sensível para os seres humanos nessa fase. Somado a isso, no primeiro natal que passamos com a família Nogueira, conhecemos Jonas, amigo do primo de Guilherme, que lhe desperta sentimentos diferentes do que estava acostumado a sentir. Já desconfiamos do que isso significa, porém, o processo de descoberta de si é mais difícil e moroso para um adolescente, fato que se reflete na própria narrativa que nos leva para um segundo, terceiro e quarto natais sem que a relação entre Guilherme e Jonas torne-se algo além da amizade.
Entre o primeiro e o segundo Natal, temos uma pequena esperança de que os dois se descubram. Guilherme toma a iniciativa de assistir uma competição de natação de Jonas, porém sai decepcionado, “sentindo um vazio se expandido em dimensões infinitas” por descobrir que Jonas tinha namorada. Sendo assim, “a vida seguiu até o Natal seguinte” sem nenhuma esperança por parte de Guilherme de que a pergunta sobre sua vida amorosa tivesse alguma resposta diferente. Sua vida continuou numa bolha de sentimentos confusos e angústias, amplificados pela constante presença de Jonas na festa natalina dos Nogueira, como se fosse da família. Em meio a esse caos de sentimentos, Guilherme é arredio com Jonas, expondo a situação e sendo desarmado ao saber que o namoro havia terminado. Além dessa descoberta, Guilherme descobriu muitas outras coisas ao olhar para Jonas…
No quarto natal temos personagens modificados, vegetarianos, definindo, então, novos comportamentos e formas de sociabilidade, preparando o terreno também para o desfecho da história natalina de Guilherme e Jonas que nos leva, finalmente, ao beijo entre os dois em um momento em que estavam juntos na varanda, experimentando a explosão de sentimentos que foram sendo compreendidos e maturados ao longo dos anos. Enquanto isso, o frenesi na casa continuava, absorvendo diferentes convidados, diferentes costumes e transformando o desconforto em “luzes acendendo dentre dele”.
Ana Luiza é uma historiadora que ama como a Literatura conta a vida.
Livro: E as namoradinhas, Guilherme?
Autora: Anna Carolina Ribeiro
Formato: e-book
Gênero: romance
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Edição e organização Natália Mota, Revisão Carla Fiore.
agradeço pela leitura, pelo texto e espero que mais pessoas se interessem pelos natais com a família nogueira!