Este é o novo artigo da nova editoria do Coletivo Margem dedicada a promover a leitura das produções literárias de integrantes da comunidade, indo ao encontro de outros centros de experiências e sensibilidades. Aproveite!
Por Claudia Felix
Arte Fatos consegue, em versos, nos contar uma história real do Rio de Janeiro visto pelos olhos da autora, revestida do lirismo que nos encanta e, ao mesmo tempo, nos mostra uma realidade que nem todos conhecem, mesmo morando na mesma cidade.
A autora consegue nos mostrar que “a vida é uma guerra”, principalmente para os moradores de comunidades, para os negros que só desejam sua liberdade, não que os brancos pobres dessas mesmas comunidades não passem por situações semelhantes, afinal esse não é um livro sobre militância. É pura história.
Para justificar minha citação de que “a vida é uma guerra”, vi a autora revisitar a história de vários lugares do mundo, desde épocas longínquas, e comparar com a sua visão ampla do que acontece na atualidade, desde Sodoma e Gomorra à Ditadura, da época da escravidão à Gaza.
Não são simples comparações, são verdadeiras metáforas. A autora nos mostra que, no meio de tanta violência, “preto também escreve”, preto sobrevive, preto resiste, assim como todo o povo pobre das comunidades que ficam entre a milícia, o tráfico e a polícia.
Ao citar a Linha Amarela, descreve cenas, quase cotidianas, de guerra. Faz com que vejamos, através de seus versos, os corpos caídos no chão.
Retrata, como numa pintura, os olhos cheios de medo da criança que só gostaria de morrer no colo da mãe. Pessoas que são vítimas de balas perdidas, artefatos bélicos que não se sabe nem de onde vêm.
Na sua “caminhada pela cidade”, vê coisas que outros nem percebem, fazendo um comparativo com o antigo Egito e suas crenças de uma forma sutil, mas que um leitor atento vai saber identificar.
Acompanhar a autora nesta caminhada é triste, mas irresistível. É conhecer uma cidade que não é descrita nem nos noticiários dos meios de comunicação.
Arte Fatos faz da cidade o mundo. Um mundo cheio de conflitos, de preconceitos, de violência, um mundo doente que emociona até aqueles que são mais frios perante os problemas da cidade, do mundo que a autora descreve, do mundo que ela conhece tão bem.
Claudia Felix de Almeida nasceu em Guaratinguetá - SP, em 1972. Começou a escrever aos 14 anos, principalmente poesias. Tornou-se professora de Língua Portuguesa e Produção de Textos. Seu primeiro poema em uma Antologia foi no ano de 2019. Desde então, já tem mais de 30 textos publicados, entre prosas e versos. É revisora, diagramadora e colunista da Catarsis Revista Literária, do Dossiê Eros, organizadora da Coletânea Entre Versos e Flores e da Mistérios Macabros, ambas da Produtora & Editora Fênixart.
Livro: Arte Fatos
Autora: Thamires Bonifácio
Edição: Editora Toma Aí Um Poema
Formato: livro físico
Gênero: poesia
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Edição e organização Natália Mota, Revisão Carla Fiore.